Rafael Pierre, o fotógrafo do kart rental gaúcho

Se tem algo que esportistas em geral mais gostam é de ter um registro de suas competições. Não por puro e simplesmente ego, mas por necessidade. Para se ter sucesso no esporte, competidores precisam muito mais que as conquistas puramente em si.

Precisam, também, mostrar a apoiadores e patrocinadores que podem ser embaixadores de suas marcas. Daí a necessidade de boas imagens para divulgar em seus Instagrams, YouTubes, Facebooks, sites e por aí vai.

Como uma modalidade em ascensão, no kart rental não seria diferente. Porém, conseguir um fotógrafo para fazer os registros poderia ser uma tarefa ingrata. Afinal, se trata de um esporte tratado “até então” como amador.

Mas, podemos dizer que boa parte dessa lacuna mudou a partir de 2017 devido a um cara, chamado Rafael Ritter Pierre – ou, como é conhecido nos kartódromos gaúchos, Pierre.

Como tudo começou

O porto-alegrense de 35 anos começou a fotografar aos 23. Entretanto, esta não era a sua primeira opção. “Antes de ter o real interesse, fazia um técnico em Administração e, enquanto fazia um estágio, ‘preso’ numa sala com várias pessoas, sem vista para lugar algum, vi que não era o tipo de vida que queria.”

Na verdade, o que Pierre queria era estar na rua, ver o céu, estar em movimento. “E a fotografia permite isso”, complementa. Foi assim que, em 2011, ingressou no curso de fotografia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

Todavia, se engana que desde o início a ideia era fotografar corridas de kart. “Não foi bem uma ideia, mas uma oportunidade”, conta.

A oportunidade tem nome e se chama KMKZY

Além de kartódromos, o Rio Grande do Sul tem diversas pistas de “kart indoor”, sendo algumas situadas nos estacionamentos de shoppings. Daí que veio, em 2017, a primeira oportunidade.

“A KMKZY Sports fez um campeonato e o staff da pista era formado por amigos meus e eu fui fotografar o evento apenas por diversão”, começa o relato, para seguir: “no fim, eu gostei do resultado e de fazer aquelas fotos. O pessoal da organização também aprovou.”

Na época, Pierre não conhecia ninguém do meio. Estava, ali, o início de uma jornada.

Oportunidade agarrada com força

Pulemos essa história por mais três anos. Em 2020, pouco antes da pandemia, Edson Gravina, da Gravina Performance, comentou sobre um grupo de kart rental que participava e que precisava de fotógrafo.

“Ele me apresentou ao Tiago Mioli, da CKA Kart, fui em uma etapa ainda antes das paralisações e ele gostou do resultado”. Depois, foi só questão de acertar o trabalho para o restante do campeonato, que reiniciou no segundo semestre daquele ano.

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Os desafios de se fotografar esportes de alta velocidade

Quem conhece o meio, sabe como é difícil fazer bons registros no início. Ainda mais quando se fala de um esporte de alta velocidade – e, convenhamos, não é fácil “congelar em uma imagem” esses carrinhos. Com Pierre, esse foi o primeiro desafio.

“Uma das dificuldades era conseguir acompanhar a corrida e captar momentos importantes, como bandeirada final, alguma ultrapassagem ou acidente”.

Além disso, tem a questão de conhecer o ambiente: cada kartódromo, seja pista fechada ou aberta, tem suas “posições” para boas fotografias. “Demora um pouco para pegar os melhores pontos, mas acredito que esses desafios são para o automobilismo em geral”, reflete, e com razão.

Quais os próximos objetivos de Pierre?

Como todo início de trabalho, os passos devem ser dados com cuidado e sempre respeitando o seu tempo. Pierre sabe muito bem disso.

Por enquanto, fotografar o kart rental ainda não abriu as portas para outras modalidades do automobilismo, mas ele mostra confiança no trabalho feito até aqui. “A experiência que adquiri em pista me faz ter segurança em apresentar um bom trabalho em qualquer categoria”.

Isso porque o porto-alegrense também vê a evolução desse esporte. Ele lembra que, quando começou a fotografar o kart rental, havia pouca procura da mídia, o que mudou com a entrada de patrocinadores individuais dos pilotos. “Hoje, num evento maior ou até mesmo numa final de campeonato, se tem o pessoal da filmagem, fotógrafos e, em alguns casos, locução e até mesmo transmissão ao vivo.”

Fotógrafo também corre

Algumas pessoas não sabem, mas Pierre também participa de algumas corridas de kart rental. Ele confessa que sempre quis correr algum campeonato, mas a prioridade eram as fotografias.

Um pouco da rotina mudou quando, no final de 2022, a organização do grupo Speed Race o convidou para correr. “E não para fotografar”, destaca.

Como piloto da categoria Leves, consegue fotografar os pilotos da Pesados e da Sênior. Porém, espera que, em breve, possa ser um registro seu dentro do kart. “Pelo menos consigo me divertir correndo também.”

Próximo objetivo?

Se tem algo que todo profissional gosta, é de ser respeitado por quem conhece o seu trabalho. E Pierre conquistou isso ao longo de suas coberturas. Sejam pilotos, familiares e organizadores, todos respeitam e gostam do que se é apresentado.

Isso se reflete em outra questão: a relação ultrapassa o profissionalismo, e vira uma amizade. “Sempre sou muito bem recebido todas as vezes que vou a Tarumã ou ao Circuito Internacional Techspeed (antigo Velopark).”

É assim que ele espera, no futuro, fotografar em outros kartódromos do país. “Ano que vem, quem sabe?”

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