F1 Manager 22: sem tempo para ser herói
Desde muito pequeno, tenho o que chamo de “síndrome do herói”. Talvez filmes como Dias de Trovão ou Alta Velocidade tenham contribuído para isso. Isso porque fiquei, durante muito tempo, com aquela ideia de que as conquistas só valem quando são penosas demais, heroicas demais, exigindo um esforço quase como sobrenatural. E me peguei nesse mesmo círculo vicioso durante minha jogatina no F1 Manager 22.
Adicionando contexto a esse texto, terminei faz poucos dias a minha primeira temporada como chefe de equipe da Alpine. Antes dela, tentei com a Hass e a Aston Martin. Porém, desisti em algumas corridas justamente porque eram tão ruins, mas tão ruins, que não conseguiria atingir os objetivos do conselho de administração.
Só nestes dois parágrafos, já ficou claro o porquê destas escolhas: era a minha vontade de mostrar para os outros, mesmo no game de gerenciamento de equipe, que eu sou pica no que faço. E, quem sabe assim, mostrar para as demais que possam me contratar – nas vidas virtual ou real.
Sim, eu sou um eterno sonhador.
Entretanto, a vida não é assim, com um roteiro previsível de final mais previsível ainda. Neste texto, quero mostrar a ti, que tem essa mesma “síndrome do herói” que eu, que isso não é legal.
Vem comigo.
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Vocação para gerenciar equipes?
Antes de começar, preciso confessar que sempre gostei desses jogos de gerenciamento de equipe. Primeiro, veio o Elifoot e sua versão simples, mas divertida, de ser técnico de futebol. Em seguida, conheci o Championship Manager, também dedicado ao futebol.
Tudo mudou quando a Microprose, mesma desenvolvedora da série Grand Prix do Geoff Crammond, lançou o Grand Prix World. Foi a primeira vez que vivenciei como era ser chefe de equipe, e entendi que não era fácil.
Todas as equipes que gerenciei quebraram, das melhoras às piores do grid. Isso aconteceu porque eu não sabia que tinham uma série de obrigações a cumprir além de ser estrategista de equipe. De relacionamento com patrocinadores a pagamento de contas, era realmente um mundo novo.
Algo que, para quem ainda estava na adolescência – tinha 15 anos na época -, era até que normal.
Um tempo longe desses games
Depois de muito tempo, voltei a buscar os jogos de gerenciamento. Ao contrário de antes, o foco agora eram os destinados às corridas. Não foi difícil encontrar o Motorport Manager na Steam. Nem mesmo comprá-lo, já que estava bem baratinho na época.
O mais legal dele é a possibilidade de criar uma equipe ou já começar com uma existente. Além disso, a gente pode optar por outras modalidades que não os monopostos: entre eles, os GTs e os Endurance, eu sempre gostei da categoria GT.
Logicamente, minha preferência era por criar uma equipe do zero e torná-la campeã.
Afinal, quem é que não gostaria de surgir do nada e chegar ao topo?
Contudo, não estava preparado para o caminho árduo. Fora que era difícil sair das disputas das últimas posições de construtores, independente do investimento.
Exige dinheiro e paciência. O que nem sempre a gente tem.
F1 Manager e a mudança de perspectiva
Quando a Frontier anunciou F1 Manager 22, o meu coração palpitou. A cada informação, uma mistura de felicidade e angústia. Por um lado, era algo jamais visto (por mim), com uma imersão inclusive nas disputas das pistas. De outro, algo me dizia que os requisitos do equipamento seriam demais para o que eu tenho.
Ainda bem, eu estava errado. O jogo roda muito bem, obrigado.
Síndrome do herói persistiu
Como disse no início do texto, antes de me tornar “dirigente” da Alpine, optei pela Haas e pela Aston Martin. Só não tentei a Williams porque, na boa, a equipe é muito ruim e não tem como aguentar o Nicolas Latifi como piloto.
Ao mesmo tempo, não me senti à vontade de assumir a Red Bull Racing, a Ferrari ou a Mercedes. O motivo, óbvio, era o heroísmo.
Falando sério, como é que eu seria um bom gerente de equipe se ocupasse o cargo de um Christian Horner, Mattia Binotto ou Toto Wolff? São equipes grandes, com chances de serem campeãs, e não seria um grande desafio.
Minha escolha fazia sentido, não?
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Sem tempo para heroísmo, irmão
Porém, percebi que não faz sentido algum. Enquanto eu tentava atender os objetivos a curto e a longo prazos, não era um desafio tentador. Por mais que a Alpine (no jogo) quisesse ser campeã de construtores em três anos, além de não ser palpável, mostrava outra coisa: o medo do fracasso.
Sim. Do mesmo modo em que eu queria ser o herói, havia por trás essa ideia de que ir para uma das grandes e não atingir os objetivos seria um fracasso enorme na minha vida “profissional virtual” de chefe de equipe.
Por isso, a escolha por equipes fracas ou medianas. Qualquer resultado estava bom, pois a pressão da presidência seria menor.
F1 Manager, obrigado pelos ensinamentos
Agora, chegou a vez de realmente me pôr à prova. Sai a versão brasileira de Otmar Szafnauer para permitir a chegada do Toto Wolff tupiniquim.
Já que é para ser herói, que seja recolocando a Mercedes e o Lewis Hamilton onde merecem estar: no topo. E, claro, desenvolvendo o George Russell para substituir o compatriota em altíssimo nível.