Os desafios de seguir a carreira no kart profissional
Pais de jovens de pilotos se dedicam dia e noite para assegurar o sonho dos filhos se tornarem pilotos profissionais de automobilismo
Competir no kartismo nacional é um desafio que vai além das pistas. Antes mesmo de vestirem o macacão, pilotos e pilotas precisam sentar com seus familiares e responder a uma pergunta nem tão simples: “Quais competições competir na próxima temporada?”
Essa pergunta é crucial para quem quer “embarcar” nesta modalidade. Afinal, pais e mães costumam ser seus primeiros financiadores.
Além disso, o kartismo tem um calendário diferente das outras categorias do automobilismo. Na considerada a “primeira categoria de base”, existem diversas provas locais, regionais e nacionais, com datas conflitantes. Sem contar o regulamento de cada competição.
Tudo isso influencia na resposta da pergunta do início deste texto. Isso porque, com muitos campeonatos, os custos aumentam. Caso se coloque na “planilha de custos” os treinos privados, o deslocamento, a equipe, a inscrição, a estadia, só para citar alguns exemplos, cada passo precisa ser muito bem pensado.
É assim que Maicon Fleck organiza a carreira do filho, o são-leopoldense Arthur Fleck, de oito anos. “O investimento é alto e caro. Precisa ter uma boa administração e também decisões certeiras de quais provas competir durante a temporada”, complementa. Segundo Maicon, “não tem margem para erro”.
Busca por patrocínio intensa
Assim como nas pistas, o dia a dia de familiar de piloto não tem folga. Um dos principais “adversários” é a captação de recursos para bancar a temporada. Para isso, usam todos os meios possíveis, entre eles as Leis de Incentivo ao Esporte (LIE), tanto federal, quanto estadual ou municipal.
Um exemplo é Rafael Fronza, pai do bento-gonçalvense Joaquim Fronza, de sete anos. “Apesar da Lei de Incentivo ajudar, a captação é bem difícil com as empresas”, desabafa. “Infelizmente, o Estado do Rio Grande do Sul não aprovou nenhum incentivo para o esporte a motor este ano e tínhamos expectativa com esse projeto.”
Para permitir que Joaquim participe das etapas selecionadas, a solução é usufruir ao máximo do projeto aprovado pelo Governo Federal. “Através dele, Joaquim conta com patrocínio da Bertolini, empresa tradicional no transporte terrestre e hidroviário”, complementa.
No caso de Arthur, o desafio é um pouco maior. “Patrocínio no início de carreira é complicado”, resigna-se Maicon. “Estamos sempre em busca de apoiadores para a temporada ou para um evento específico”, conta.
Enquanto aguarda aprovação do projeto no programa do Governo do Estado gaúcho, intensifica o trabalho. “Trabalho em uma empresa privada e tenho um ‘Plano B’ para conseguir manter os custos do kart.”
Mesmo com esse início de carreira, Arthur conta com apoio da Acril Shop (empresa especializada em acrílicos), Exclusive Personalizados (fabricante de brindes e produtos personalizados), GS Car Mecânica (oficina mecânica de Novo Hamburgo, próximo à cidade em que moram) e Alemão Suspensões (oficina especializada em suspensões). “E estamos para fechar com uma marca que será nossa principal patrocinadora”, anuncia.
Tamanho do grid importa
Tanto Joaquim Fronza quanto Arthur Fleck estão na categoria Mirim. Outra semelhança está nos motivos para a definição do calendário de 2024: grid cheio.
“Sempre buscamos a evolução dentro da pista e, para isso, precisamos treinar e correr com grids maiores”, conta Maicon, o pai de Arthur. Na mesma linha segue o pai de Joaquim, Rafael. “As escolhas foram baseadas no tamanho do grid, para que ele conheça novos traçados e aumentar seu nível técnico.”
Com isso em mente, Joaquim vai participar de seis competições: Copa São Paulo Light, Sul Brasileiro, Campeonato Gaúcho, Campeonato Catarinense, Copa do Brasil e o Brasileiro. Alguma corrida fora do país não está descartada.
Já Arthur estará presente na Copa Beto Carrero e no Campeonato Gaúcho. O calendário pode aumentar ao longo do ano, com três etapas da Copa São Paulo Light e o Brasileiro, no Estado de São Paulo.
Tudo vai depender, claro, dos patrocínios.
Conheça os pilotos
Arthur Fleck
- Idade: 8 anos
- Cidade: São Leopoldo (RS)
- Categoria: Mirim
- Chassi: Bravar
- Equipe: By Laco (acerto de chassi)
Joaquim Fronza
- Idade: 7 anos
- Cidade: Bento Gonçalves (RS)
- Categoria: Mirim
- Chassi: Techspeed (Piloto da fábrica)
- Equipe: DDM Kart Racing
- Telemetria: TI Performance