Victor Manzini: “O kart é a peça principal do jogo”

Nesta entrevista exclusiva, Victor Manzini destaca a importância do kart na sua preparação para as competições da Turismo Nacional

Quem vê este adolescente de cabelos loiros curtos andando pelo paddock, com seu macacão azul e preto, pode pensar: “Como que essa ‘criança’ pode estar na Turismo Nacional?”. Afinal, Victor Manzini está no segundo ano do Ensino Médio, tem apenas 17 anos e – lógico – não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Mas, quem conhece o esporte a motor, sabe que isso é “apenas um detalhe”. Porque é comum jovens pilotos trilharem seu caminho no automobilismo muito cedo e entrarem nos carros antes mesmo de ingressarem na fase adulta. Com Manzini, não foi diferente.

Vindo de uma família ligada à velocidade nos autódromos, o jovem tem uma carreira planejada desde que resolveu se profissionalizar: cinco anos no kart, dois anos na Turismo Nacional, dois anos na Stock Series para, enfim, chegar à Stock Car Pro Series em 2028. No projeto, também estão provas de longa duração, como a European Le Mans Series (ELMS), o International Motor Sports Association (IMSA), nos EUA, e também no FIA World Endurance Championship (FIA WEC).

Parte desse caminho já foi trilhado. Iniciou no kartismo em 2019, ergueu taças importantes – como o vice-campeonato do Brasileiro de Kart na Rotax DD2 em 2022 e o título da Copa São Paulo de Kart KGV na mesma classe em 2023 – e, atualmente, ocupa a quarta posição da categoria B no Campeonato Overall e lidera na Rookie da Turismo Nacional.

Para que tudo ocorra conforme o planejado, Manzini se prepara de diversas maneiras. Uma delas é através do kart.

Antes do encerramento da temporada da Turismo Nacional, neste domingo (15), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP), o jovem fez uma série de treinos de kart. Como ele mesmo diz: “O kart sempre é importante para a preparação, principalmente a preparação física.”

Confira abaixo a entrevista exclusiva concedida por Victor Manzini ao Push to Cast.

Entrevista com Victor Manzini, piloto da Turismo Nacional

Push to Cast: Você começou a competir no kart em 2019, mas já tinha uma experiência desde 2021. Como surgiu essa vontade de ingressar no esporte?

Victor Manzini: Começou muito pela minha infância. Eu sempre vivi no meio do automobilismo com meu pai (Roberto Manzini). Ali, meio que eu comecei a querer, comecei a me interessar mais e querer ingressar no automobilismo.

Minha mãe incentivou um pouco e tal, mas foi principalmente meu pai. Foi por causa dele que tive essa iniciativa. Alguns amigos do meu pai me apoiaram, meus familiares também, no início. Foi muito bom isso.

PTC: Ao longo dos seus cinco anos de carreira, conquistou diversos títulos. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que este esporte também traz momentos não positivos. Como o kartismo lhe ajudou a lidar com essas frustrações ou, digamos, decepções?

Manzini: O kart sempre me ensinou a lidar com frustrações, decepções, essas coisas, porque é algo comum no automobilismo. Sempre tem momentos que alguma coisa acaba dando errado. Às vezes, nada vai como planejado e você tem que saber lidar com isso.

O kart me deu experiência para ter maturidade para poder passar por esses problemas e superar.

PTC: Esse é o seu primeiro ano no automobilismo, competindo na Turismo Nacional. Como foi essa transição de uma modalidade com veículos de pequeníssimo porte para outro muitas vezes maior?

Manzini: A transição foi boa, principalmente porque eu sou instrutor estagiário da escola do meu pai e já andava em carro de tração dianteira, andava com instrutor. E, depois que tive minha carteira de piloto B, sempre treinava quando podia. Tinha essa liberdade de poder treinar sempre que tinha curso e sobrava um tempo de pista livre depois da aula.

Mas foi um pouco diferente, porque eu não estava acostumado com o Turismo Nacional, que, por si só, é um carro diferente dos outros carros de tração dianteira.

PTC: Ao mesmo tempo em que está focado na Turismo Nacional, fez treinos de kart em datas que não conflitavam com a categoria. Qual a importância do kartismo nessa preparação?

Manzini: O kart sempre é importante para a preparação, principalmente a preparação física. O tempo de reação do kart é muito mais rápido, e a força G lateral e longitudinal no kart é bem maior.

Então, ajuda bastante pegar a mão de um kart, que tem tempo de reação menor, quando você pega um carro, que tem tempo de reação mais lento.

PTC: Para finalizar, o que você diria para quem quer ingressar no kartismo ou até mesmo já está na modalidade?

Manzini: Eu diria para nunca desistir, ter muita fé e se dedicar. Sempre treinar de kart quando puder porque o kart é fundamental. O kart é a peça principal do jogo e você sempre vai precisar do kart. Então, sempre vai treinar de kart.

O kart é sempre a base de tudo e com certeza uma das coisas mais legais que eu já pilotei na minha vida.