Precisamos falar sobre o “New Generation” da BRB Stock Car Pro Series
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Foto: Magnus Torquato
Excesso de problemas de confiabilidade nos novos carros da principal categoria do automobilismo brasileiro provocou a ira de pilotos, que se tornam cada vez mais vocais
A temporada 2025 da BRB Stock Car Pro Series prometia muito debate acalorado, mas não da maneira que eu esperava. Acreditava que o foco seria a adoção dos modelos SUV a partir deste ano, em uma clara visão de atender o mercado automobilístico nacional.
Dessa forma, pensei em uma “briga” entre os defensores dos modelos sedãs – usados desde a estreia da categoria, em 1979 – e os que acreditam que o esporte a motor também é um negócio (grupo do qual faço parte).
Mas, como diz o Cumpádi Washington da banda É o Tchan!: “Sabe de nada, inocente.”
Todas as expectativas inicias ficaram para trás na primeira etapa da categoria, marcada entre os dias 2 e 4 de maio. Desde o início dos treinos, a “new generation” de bólidos entregou uma série de problemas a pilotos e equipes no Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP).
Para não atrapalhar muito o show, a programação foi alterada, o uso do push-to-pass desativado e a implantação do DRS adiada por tempo indeterminado.
Porém, o que se viu foi uma série de falta de confiabilidade, principalmente em relação ao turbo dos novos carros. Agora, a pergunta era se tudo estaria resolvido na etapa seguinte, no fim de maio, no Autódromo Zilmar Beux, em Cascavel (PR).
A resposta foi um sonoro “não”. Porque, mais uma vez, diversas quebras ocorreram no circuito paranaense – que também contou com a corrida Sprint, cancelada na etapa inaugural. Com o acúmulo de frustrações, os pilotos foram mais vocais em suas reclamações.
Por exemplo, Felipe Massa (TMG Racing) e Bruno Baptista (RCM Motorsport) foram punidos pela organização por “comentários desprestigiosos à categoria”. Além disso, Rodrigo Lemonato, do Splash and Go, fez este post no Instagram, trazendo mais profundo: alguns chefes de equipe, sob anonimato, falaram sobre discrepâncias entre os chassis, com diferenças de peso, desempenho e velocidade.
Não que isso comprove algo, mas o que se viu nas três corridas realizadas em maio foi um domínio das bolhas Mitsubishi Eclipse Cross ante os Chevrolet Tracker e Toyota Corolla Cross. Tanto que a BRB Stock Car Pro Series promoveu o famoso BoP (“Balance of Performance”, ou “Equilíbrio de Desempenho”, em tradução livre) para a terceira etapa, realizada no entre 6 e 8 de junho, no Autódromo do Velopark, em Nova Santa Rita (RS).
Só que, mais uma vez, a falta de confiabilidade veio à tona. Como trouxemos aqui, o atual tricampeão da categoria, Gabriel Casagrande (A.Mattheis Vogel), e o piloto-dono de equipe Átila Abreu (Scuderia Bandeiras) sequer largaram na corrida Sprint no circuito gaúcho.
Lógico, a revolta veio em cheio. Nem mesmo a mudança da prova principal acalmou os ânimos. Novamente, as quebras chamaram a atenção, e os pilotos colocaram a boca no trombone. Um deles foi Casagrande, fazendo o trocadilho “Stop Car”.
Uma coisa a gente precisa ter em mente: toda grande mudança costuma trazer alguns problemas. Como esquecer do porpoising nos carros da Fórmula 1, com o retorno do efeito-solo? Ou dos problemas de confiabilidade quando a NASCAR resolveu trocar seus chassis?
O importante, a partir de agora, é sentar com todos os envolvidos e buscar formas de contornar os problemas. E, tenho certeza, uma categoria profissional como a BRB Stock Car Pro Series vai conseguir. Só resta saber quando.