Fórmula eVolution: a categoria dedicada aos “gentleman drivers”

Criada em 2022, categoria caiu nas graças de pilotos que têm o automobilismo como hobby

Quem diz em idade máxima para competir no automobilismo mente. A não ser que fale sobre uma carreira no esporte a motor, com foco em uma Fórmula 1 ou Fórmula Indy. Mas, sabemos que isso é para poucos.

Por outro lado, existem aquelas pessoas que “apenas” têm o prazer de pilotar em alta velocidade, em autódromos consagrados e, claro, em segurança.

Daí, vem aquela dúvida…

Onde competir?

No Brasil, há uma grande diversidade de categorias, para todos os gostos. E todas elas permitem quem tem o esporte a motor como hobby.

E uma dessas se chama Fórmula eVolution. Criada em 2022, se tornou uma categoria de monopostos voltada para os “gentlemen drivers”. Um “nicho que deveria ser ocupado”, como diz o presidente da categoria, Antonio de Souza.

E Souza fala por experiência própria.

Natural de Petrópolis (RJ) e, atualmente, morador da cidade do Rio de Janeiro, o piloto de 66 anos já passou pelos campeonatos Carioca e Estaduais de Divisão 1, guiando Opalas e Passats. Por questões profissionais, parou a carreira até voltar em 2017. “Desde então, continuo firme”, conta ele, que assumiu a presidência da Fórmula eVolution em 2023.

Confira abaixo a entrevista exclusiva que ele concedeu ao Push to Cast. E, caso seja um “gentleman driver”, talvez tenha encontrado a sua categoria de monopostos, junto com outros 18 pilotos.

Entrevista com Antonio de Souza, presidente da Fórmula eVolution

Push to Cast: Quando e como surgiu a ideia de fazer a Fórmula eVolution?

Antonio de Souza: A ideia surgiu há alguns anos, devido à dificuldade de se conseguir uma categoria que atendesse aos anseios de pilotos mais experientes, os chamados “gentleman drivers”. Esses pilotos competem por prazer e não por carreiras, pois as mesmas já foram, de certa maneira, consolidadas. Alem disso, se busou uma categoria onde os carros fossem modernos, confiáveis e seguros, o que acabou acontecendo.

PTC: Quantas pessoas estiveram envolvidas no desenvolvimento do projeto e quantas estão envolvidas neste momento?

Souza: Foram muitas, mas podemos destacar algumas, como o Claudio Daniel Rodrigues, Heitor Nogueira, Rodrigo Rosset, Emannuel Junior, Thomaz, Zurk, Jose Claudio. Todos estão envolvidos até hoje.

PTC: Conforme o site da Fórmula eVolution, a categoria se destaca, entre outras questões, por ser de baixo custo. Como vocês conseguiram chegar neste patamar?

Souza: O baixo custo pode ser explicado por alguns fatores, como a equalização dos carros. Temos um regulamento rígido que assegura que, praticamente, todos os carros tenham o mesmo conjunto mecânico, sendo que todos os modulos dos carros são monitorados por um técnico contratato pela categoria, que avalia, a cada corrida, se houve alguma modificação nos carros à margem do regulamento.

Além disso, o projeto do carro é moderno, usando motores Hyundai de durabilidade comprovada. Os pneus semi slick também trazem uma performance excelente para o carro e duram, em média, de duas a três etapas.

PTC: E quanto custa uma temporada?

Souza: O custo por temporada pode ser dividido entre um carro de locação ou um carro próprio. No caso da locação, é uma negociação entre o piloto e a equipe, pois envolvem muitas variáveis. Mas asseguro que os custos ficam abaixo de uma temporada de kart. No caso da compra de um carro, o valor está saindo, em média, por R$ 120.000,00.

PTC: Outra questão interessante é que a categoria pode ser uma porta de entrada dos kartistas no mundo dos monopostos. Como que a categoria trabalha para atrair este público?

Souza: Entendemos que a Formula eVolution pode ser usada como porta de entrada para kartistas e automobilistas de outras categorias, apesar de não ser o objetivo principal. Ao sermos indagados por kartistas, especialmente os mais jovens, primeiramente fazemos alguns questionamentos para saber quais as intenções do piloto, para que possamos entender e orientar os passos deve ter para prosseguir com um carreira profissional no automobilismo.

PTC: Quais as vantagens da Fórmula eVolution neste sentido?

Souza: Atraímos o nosso público através de ações nas redes sociais, entendo como vantagens em correr conosco o baixo custo, a durabilidade dos carros, o bom nível dos pilotos existentes e o excelente ambiente.

PTC: Vocês também se posicionam como uma categoria voltada para os “gentlemen drivers”. Sempre foi assim ou vocês viram isso no decorrer da categoria?

Souza: Para esse publico há uma carência enorme, e entendemos que esse nicho deveria ser ocupado. Hoje contamos com pilotos experientes e com grandes currículos de vitórias.

Não temos acidentes desde que começamos a competir, no ano de 2022, o que é raro. Isso prova o nível dos pilotos que, mesmo com disputas acirradas nas pistas, não temos acidentes e, o melhor, desavenças.

Temos também um procedimento diferente: além do briefing oficial da FASP (Federação de Automobilismo de São Paulo), temos o nosso, onde, a cada corrida, são discutidos assuntos de pista. Isso torna a categoria extremamente segura e cria um ambiente bem positivo entre os pilotos.

PTC: Agora, em questão de temporada: das nove etapas programadas para este ano, oito são em Interlagos. Existe a possibilidade de expansão deste calendário para outros autódromos do Brasil?

Souza: Sim. Temos planos para nacionalizar a categoria, com competições nacionais. O automobilismo no Brasil está vivendo um bom momento, inclusive com a construção de novos autódromos.

No Rio de Janeiro, está sendo discutida a construção de um autódromo, em uma parceria público-privada, o que mostra o renascimento das corridas a motor.

PTC: A categoria tem patrocinadores e apoiadores?

Souza: No momento não temos patrocinadores, mas estamos em negociações com algumas empresas, já que temos aprovados projeto utilizando a Lei de Incentivo ao Esporte.

Um dado importante é que temos hoje 15 carros prontos, com a perspectiva de termos, até o final da temporada, algo em torno de 20. Isso vai nos permitir mobilizar mais empresas interessadas em nos patrocionar e apoiar, ficando aqui o convite.

A visibilidade para a empresa patrocinadora ou apoiadora é enorme, pois o grid tem um beleza ímpar, já que os carros são muito fotogênicos.

Nas corridas, é muito comum o público se aglomerar a frente dos nossos boxes para fazer fotos, o que prova o nosso potencial.