São Paulo, Domingo, 11 de Julho de 1999
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F-1
Empresários estimam que eventual transferência do piloto pode gerar novo boom da categoria no país
Barrichello, de Ferrari, é negócio

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Silverstone

Empresários ligados à F-1 acreditam que a eventual contratação de Rubens Barrichello pela Ferrari vai reaquecer o automobilismo e ampliar em até dez vezes a exposição na mídia e o volume de negócios da categoria no país.
O piloto, em seu sétimo ano na F-1, há três na Stewart, negocia sua transferência para a equipe italiana na próxima temporada.
O que era rumor tornou-se notícia há duas semanas. Ganhou força nos últimos dias e, às vésperas do GP da Inglaterra, prova que acontece hoje, tornou o brasileiro um dos pilotos mais requisitados para entrevistas no paddock da pista de Silverstone.
A corrida inglesa, oitava etapa do campeonato, terá largada hoje, às 9h (de Brasília), com TV.
O crescimento do interesse, também por parte da mídia brasileira, dá mostras do que pode acontecer caso Barrichello seja contratado pela Ferrari.
"A exposição dele nos jornais e TVs vai ser de cinco a dez vezes maior", diz Geraldo Rodrigues, da Reunion, empresa especializada em gerenciar carreiras de pilotos brasileiros no exterior. "E isso vai puxar a F-1 para a mesma coisa no mercado brasileiro."
Ex-empresário de Barrichello e atualmente trabalhando com Ricardo Zonta, ele baseia sua estimativa em um resultado recente.
No mês passado, Zonta conseguiu pela primeira vez chegar ao fim de uma corrida na F-1, o GP da França, em Magny-Cours.
"Só com isso, o número de visitar ao site dele na Internet (www.ricardozonta.com.br) cresceu 20%", afirma o empresário.
Para Rodrigues, os negócios e marcas relacionados à categoria devem crescer na mesma proporção da exposição na mídia.
"No caso da Ferrari, há emoção envolvida. Ele pode associar seu nome a uma marca conhecida até por gente que nunca acompanhou uma corrida de F-1."
Empresário de Pedro Paulo Diniz e ex-diretor de esportes da empresa Parmalat para a América do Sul, José Carlos Brunoro afirma que o retorno de exposição de uma marca ligada a Barrichello pode ser da razão de US$ 6 para cada US$ 1 investido.
"Esse é um retorno considerado bom no esporte", declara. "Acho que a F-1 vai ficar por aí."
Brunoro acredita que, no início, pode acontecer com Barrichello fenômeno semelhante ao que ele viveu no Palmeiras entre 92 e 93.
"O fator novidade contou muito naquela ocasião. Nunca nenhuma empresa havia feito uma associação daquele tipo com um clube do Brasil", diz. "A mídia dedicou muito espaço só para mostrar o que a gente estava fazendo de diferente", afirma.
De acordo com ele, o retorno da Parmalat com exposição espontânea em mídia impressa e TV, no início do projeto, chegou a US$ 20 para cada US$ 1 investido.
"Chegamos até a perder controle da mensuração", afirma.
Brunoro acredita que um eventual acerto entre Barrichello e a Ferrari em 2000 pode alcançar um resultado parecido, principalmente no início do acordo.

Audiência
A TV Globo já começou a detectar aumento dos índices de audiência em consequência dos bons resultados que o brasileiro conseguiu nesta temporada.
Nas sete provas já disputadas, Barrichello conseguiu dois terceiros lugares e uma pole.
Com isso e com outras boas atuações que não resultaram em pódio, a audiência média das transmissões dos GPs, medida pelo Ibope, subiu seis pontos em relação à última temporada.
Em 98, um ano desastroso para o piloto, a Globo registrou média de 15 pontos durante as corridas. Na primeira metade da atual temporada, a média está em 21, o nível mais alto atingido pela emissora na era pós-Ayrton Senna.
Cada ponto de audiência equivale a aproximadamente 80 mil habitantes na Grande São Paulo.
O aumento no volume de negócios da F-1 no Brasil necessariamente atinge a emissora.
A cada ano, a Globo coloca cinco cotas de patrocínio à venda, mas nem sempre consegue comercializar todas.
No início desta temporada, vendeu quatro, a um preço estimado de US$ 16 milhões cada.
No ano que vem, se Barrichello estiver no cockpit de uma Ferrari, talvez cinco cotas seja pouco para oferecer. E US$ 16 milhões, um preço baixo para pedir.
NA TV - GP da Inglaterra, Globo, ao vivo, às 9h


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