Kartismo Gaúcho: Os desafios e o futuro da base do automobilismo
Propostas para fortalecer o kartismo gaúcho
Mas, ao contrário do que costuma ocorrer, os três dirigentes não tecem apenas críticas. Ao mesmo tempo que as fazem, reconhecem o apoio dado pela Entidade e propõem alternativas para, quem sabe já no próximo ano, ter um incremento de inscritos nas etapas de suas competições.
Cédulas desportivas
“Precisamos de ajuda para trazer o piloto amador de final de semana para participar das corridas. Para isso acontecer, precisamos baixar o custo”, avisa Mantese, do GKC. Entre as maiores reclamações ouvidas pelos seus 34 sócios estão os valores das taxas de inscrição e de filiação para os pilotos.
No caso específico da filiação, Bonilla lembra que o valor da cédula desportiva é definido pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) que, por sua vez, precisa atender as determinações da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). “Há toda uma gestão organizacional (dessas entidades)”, reforça.
Ele aproveita para lembrar que ser um piloto federado oferece benefícios. O principal deles é o seguro para todas as provas. Bonilla cita como exemplo o acidente que ocorreu na final do Campeonato Gaúcho de Kart, quando um piloto foi jogado para fora do kart após um grave acidente – saindo apenas com escoriações e danos materiais.
Além disso, os competidores também dispõem de convênios com diversas lojas do segmento.
Além disso, ressalta que as federações têm conversado entre si para tentar a criação de uma carteira regional de pilotos. A ideia seria de, com ela, permitir que pilotos compitam em provas locais, como Citadinos, enquanto nos campeonatos maiores haveria a exigência do documento nacional.
Esse assunto deve ser retomado após as eleições para a próxima gestão da CBA.
Pneus e comissários
Para Rech, da AAVA, além das carteiras de piloto, a FGA também deve se atentar para os pneus. “Hoje é o maior custo na manutenção do kart”, informa. Segundo ele, repensar o regulamento dos campeonatos como um todo pode contribuir para a diminuição dos gastos sem perder os rendimentos técnicos do kart e do piloto.
Já Jony vê como importante não colocar na conta das associações os custos com comissários. “A Federação já arrecada com anuidades e carteira de habilitação de piloto. Não precisava cobrar para ter esses profissionais e outras coisas mais que são cobradas”, finaliza. Vale ressaltar que, no caso das cédulas desportivas, as federações ficam com 60% da arrecadação.
Nestes dois últimos pontos, Bonilla faz suas ponderações. Sobre os valores dos pneus, diz que a MG Pneus cobra o preço de mercado. “Ela é uma empresa que está em mais de cem países, tem seus custos e precisa pagar os impostos”, informa.
Para ele, a situação poderia ser melhor caso o Brasil se espelhasse no vizinho Uruguai, onde, diz, há isenção de impostos para esse tipo de insumo. “A CBA está há um tempo buscando esse tipo de incentivo”, conta.
Já sobre os custos dos comissários, Bonilla salienta o apoio da própria MG Pneus. Conforme ele, parte do patrocínio da empresa é destinada a esses profissionais e outros custos da entidade. Entretanto, reforça que esta é uma situação que dificilmente vai mudar. “A Federação, como qualquer entidade, vive de taxas.”
Propostas para fortalecer os Clubes
Ao mesmo tempo que os clubes fazem sugestões à FGA, a entidade aproveita a reportagem para contribuir com os dirigentes desses grupos. Bonilla relembra que são independentes e precisam encontrar maneiras de mantê-los funcionando.
Com experiência na gestão dos kartódromos de Tarumã, em Viamão, e o antigo Velopark (atual Circuito Internacional Techspeed), em Nova Santa Rita, o diretor do kartismo gaúcho lembra suas ações nestes períodos. “Quando fui gestor dos clubes de Tarumã e do Velopark, eu tinha escola de pilotos e promovia o Citadino de Porto Alegre.” Conforme ele, já passaram pelas suas aulas mais de 1.500 pilotos de kart.
Outra forma encontrada para manter as atividades praticamente ininterruptas foi o investimento em kart indoor. “Hoje é o que ajuda a manter muitos kartódromos na ativa”, ressalta. Para ele, caso os clubes não tenham dinheiro para este fim, podem buscar parcerias com empresas que tenham este tipo de kart e, em troca, receber parte do valor para a manutenção do espaço.
E finaliza: espera que a próxima temporada já tenha mais competições locais ao longo do ano. “A etapa única do Gaúcho de Kart permite que eles (clubes) façam seus Citadinos”, finaliza.
Independente de quais forem as ideias, uma coisa todos sabem: muitos obstáculos virão. Porém, outra coisa é certa: todos precisarão se unir e trabalhar em conjunto para que o kartismo gaúcho retorne aos seus tempos áureos.