Assistir corridas das arquibancadas é muito melhor
Fazia muitos anos que não assistia a uma competição de carros das arquibancadas. A última vez havia sido em 2 de maio de 2011, quando fui até São Paulo ver de perto a Fórmula Indy. Infelizmente, não consegui porque a corrida foi adiada para o dia seguinte – bem na hora do meu vôo de volta.
Mas, nem por isso, fora uma experiência ruim. Era a minha primeira vez em uma competição internacional, com ingressos relativamente baratos em que pude ver de perto o trabalho das equipes. Sem contar o clima da galera, que não arredou o pé até a organização sentenciar o adiamento.
Aquele momento me remeteu à minha primeira visita a um autódromo, há 24 anos. Foi em Tarumã, para assistir à Stock Car Brasil, com o meu pai. Esses sentimentos voltaram com tudo neste domingo, quando pisei novamente neste autódromo, também para acompanhar essa mesma Stock Car – agora sob o nome Banco BRB Stock Car Pro Series.
E digo com toda a propriedade: assistir qualquer competição junto com a galera é muito, mas muito melhor.
Arquibancadas ou paddock?
Caso esta seja sua primeira visita a este blog, vale uma observação. Sou jornalista, e a motivação para escolher esta profissão foi justamente a paixão pelo automobilismo.
Muito antes de entrar na faculdade, já fazia coberturas do esporte para sites (sempre de graça), como o SpeedRacing.com.br. Além disso, junto com meu amigo Eduardo Tomedi, criei o site Curva1.com.
Tudo isso me levou a trabalhar nas corridas de perto, conhecer pilotos, organizadores de categorias, e ampliar o meu conhecimento sobre o esporte. Porém, nem tudo são flores. Durante esses períodos, precisava deixar o lado espectador de lado e focar nas reportagens.
Ou seja: não podia sentir tudo aquilo que os torcedores sentem quando vão direto para as arquibancadas.
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Energia diferenciada
Conheço todos os autódromos do Rio Grande do Sul, e a maioria deles foi por causa das credenciais de imprensa. Por isso, tenho enorme carinho por essa minha trajetória.
Entretanto, não chega nem perto do que é fazer parte do público. Primeiro, porque a gente tem o único compromisso de se divertir. Em segundo lugar, a gente pode desbravar o autódromo das mais variadas formas. Por fim, conhecer outras pessoas e rever amigos – e, sim, eu revi um colega de faculdade que não via pessoalmente há uns seis anos.
Sem contar o que a galera que leva suas churrasqueiras portáteis e faz sua carne para deixar os outros com água na boca. Ou a turma que, como eu, arruma um monte de comida e bebida em uma mochila térmica.
(Quase) Tudo em nome da economia.
As reações do público
Outro ponto interessante de estar nas arquibancadas é acompanhar a reação do público. Apesar de as corridas da Banco BRB Stock Car Pro Series e da Stock Series terem sido um tanto previsíveis, não posso dizer o mesmo da Copa Shell HB20.
Afinal, a combinação de 38 carros no grid e circuito de Tarumã sempre trazem um belo pacote de diversão. Bem, pelo menos para o público.
Tanto que, a cada “entrevero”, o que mais se ouvia eram os “Uuuuuuuhhhhhh!”, “Oooooooohhhhh!”, “Iiiiiiiiiiih!” e “Iiiiiiiiiirraaaaaaaaa!”.
Tudo isso, claro, só foi possível por causa do telão na reta principal, já que situações como essas costumam acontecer entre as curvas 2, Laço, Tala-Larga e 9.
Coisas assim a gente dificilmente flagra quando se está no paddock.
Arquibancadas: hoje, um ambiente familiar
Quem acompanha o automobilismo há muito tempo, lembra das Grid Girls. Hiperssexualizadas, era comum ouvir as piores coisas direcionadas a elas que saíam das bocas de imbecis que estavam nas arquibancadas.
Graças à evolução de grande parte da sociedade, muitas categorias (como a F1) baniram essa prática. Nesse sentido, uma atitude muito acertada. Afinal, mostrou que a maioria dos que vão para os autódromos, hoje, querem assistir às corridas em si.
Diante disso, a gente consegue olhar para cenas que ficavam em segundo plano, como essas duas fotos aí de baixo: pais e filhos juntos, conversando sobre automobilismo e transferindo a paixão do mais velho para o mais novo.
Obrigado por tudo, Tarumã e Stock Car!
Se tinha algo que eu não imaginava, era retornar a um autódromo como espectador. Isso só aconteceu porque vi uma propaganda da categoria no Instagram e percebi que era hora de retornar de um lugar que nunca deveria ter saído.
Agora, é esperar pelas próximas oportunidades. Independente da categoria.