Memória de um neto apaixonado por automobilismo

Meu avô morreu quando eu tinha menos de dois anos. Começo este texto dessa forma direta, sem romantismo, para mostrar como a nossa mente é engraçada. Tenho quase nenhuma memória do “Véio” Dilon (esse era o nome dele), mas carrego muito dele em mim.

Quem me conhece, sabe que sou apaixonado por automobilismo desde muito pequeno. Se por um lado não lembro de nenhuma corrida da década de 1980, por outro tenho marcada a lembrança de como a velocidade sempre esteve presente em mim.

Por exemplo, meus pais me presentearam com um daqueles carros de passeio, com pedais, que era uma Lotus amarela. Recordo vivamente que descia do apartamento com aquele trambolho, partia para uma rua com lomba e descia “a mil por hora”.

Não é à toa que ser um piloto de automobilismo ainda é o meu sonho. Luto por isso desde criança. E tudo isso, claro, é culpa do Véio Dilon.

O Véio Dilon

Já viu que em toda reunião de família, alguém lembra da tua infância? Volta e meia, meus tios e minhas tias por parte de mãe falam de como eu era um bebê chorão. Manhoso, até. Porque sempre gostei de colo e era isso que me acalmava.

Durante algum tempo, meus pais, meu irmão e eu morávamos na casa dos meus avós paternos. Além do já citado avô, tinha a minha avó Luci. Só que era o Véio Dilon quem me pegava no colo e me levava para assistir às corridas de Fórmula 1 com ele.

“Assistir” é um modo de dizer, claro. Como podia um bebê de menos de dois anos assistir a alguma coisa e saber do que se trata?

Mas isso não importa. O mais importante de tudo é o efeito na minha vida.

Memória sem imagens

Meu avô se foi cedo. Um problema cardíaco o levou quando tinha seus 66 anos. Até hoje, um dos “ressentimentos” é não ter uma foto com ele. A família tem uma dele com todos os netos, mas foi tirada antes de eu nascer.

Entretanto, a ligação foi forte. Tanto que meus pais falam que era comum eu, engatinhando ou caminhando, ia até a cadeira de balanço. Porque era nela que o véio me levava e era lá que eu via as corridas junto a ele.

Ele se foi, mas o legado ficou.

Paixão cada vez mais viva

Em cada corrida que cobri, estava lá. A cada prova que assisto hoje, ele está ao meu lado, pois não sou mais um bebê de colo. Se hoje tenho esse blog e planejo a próxima temporada do podcast Push to Cast, é por causa do meu vô.

Um dia, quero assistir à uma corrida de Fórmula 1 ao vivo. Pode ser em São Paulo ou em qualquer outro lugar. O destino, realmente, pouco importa.

O que vale, mesmo, é honrá-lo. É estar lá em homenagem à sua memória.

Te amo, Véio Dilon.

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