Automobilismo não é só Fórmula 1

Que a Fórmula 1 é a categoria dos sonhos da maioria dos pilotos de automobilismo, todo mundo sabe. Aqui no Brasil, faz parte da nossa história, ainda mais quando falamos em Ayrton Senna.

Entretanto, a maioria dos brasileiros acredita que só a ela importa. Aqui, uma explicação: citei o Brasil e os brasileiros porque acompanho mais as nossas reações do que as de outros países.

Agora, voltemos ao tema. O primeiro ponto para esse texto foi o título do Stoffel Vandoorne na Fórmula E. O belga mal havia levantado a taça e já teve gente dizendo que ele merecia uma nova chance na categoria principal da FIA como titular.

Dessa forma, pareciam esquecer que Vandoorne continua com contrato na categoria dos elétricos. Só que o jogo virou, o mundo capotou, e a Aston Martin o anunciou como piloto reserva da equipe.

Apesar dessa mudança, neste texto continuarei a abordagem sobre a nossa mania de achar que só a categoria significa sucesso no automobilismo mundial.

Por que só a Fórmula 1 importa?

Nem sempre gosto desse comparativo, mas preciso fazê-lo. Existem muitas pessoas que acreditam que a Fórmula 1 é a primeira divisão do automobilismo mundial e Fórmula E e Fórmula Indy (por exemplo) estão abaixo dela.

É óbvio que muitos pilotos foram para essas duas categorias por falta de lugar para correr naquela que é considerada a “máxima” dos monopostos, mas isso tem muito mais a ver com a politicagem de algumas equipes.

“Acho que, quem quer que entre na F1, tem que mostrar quão ‘criativo’ poderá ser para o negócio. Andretti é um grande nome e acho que fizeram coisas excepcionais nos EUA, mas isso é esporte e negócios, então temos de entender o que pode ser agregado ao esporte.” (Toto Wolff, CEO da Mercedes AMG F1 Team)

Se uma equipe que quer entrar na categoria é recebida desse jeito, como vai ter lugar para tantos pilotos habilidosos?

Lógico que eles vão partir para outras categorias.

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A importância da Fórmula E no automobilismo mundial

Neste texto, falei sobre a parceria do Lucas Di Grassi com a categoria dos elétricos. O próprio Vandoorne já abraçou a categoria, como nessa entrevista em 2021.

“Na Fórmula E, Le Mans ou nas corridas de resistência do WEC, é onde podemos encontrar corridas puras. Vimos aqui para correr, não para fazer política. A Fórmula 1 continua a ser o maior campeonato, mas a Fórmula E está logo abaixo. É um dos campeonatos mais competitivos em que participei.”

E, para quem ainda resiste em considerar a Fórmula E como um grande campeonatosugiro ver esse fio da Kai, no Twitter. Mas, se você está com preguiça, uma das partes mais importantes é sobre a categoria correr em circuitos de rua:

“(A) categoria compete em circuitos de rua justamente porque tem a intenção de trazer o conceito dos carros elétricos para o ambiente urbano, a tecnologia deles visa desenvolver meios de transporte mais sustentáveis para o nosso futuro e não faz sentido usar pistas de F1, sabe?”

Como disse Vandoorne naquela entrevista que citei acima: “Muitos pilotos têm experiência na Fórmula 1, outros têm um histórico com o qual poderiam entrar na F1. É o futuro. É por isso que vemos mais e mais fabricantes de automóveis interessados”.

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Kamui Kobayashi e Kazuki Nakajima estão focados no WEC.

Já na Fórmula Indy, tivemos Emerson FittipaldiJuan Pablo Montoya e, agora, temos Romain Grosjean Takuma Sato como pilotos full time.

E nem por isso eles estão em fim de carreira. Na verdade, estão continuando e, muitas vezes, consolidando carreiras que foram abreviadas pela Fórmula 1.

Apenas PARE

Depois de dizer tudo isso, peço: apenas pare de achar que a Fórmula 1 é o único lugar para mostrar talento. Não é.

Essa resistência em aceitar novas equipes mais prejudica a categoria do que ajuda. E nós, apaixonados por automobilismo, só temos a agradecer por termos outras para torcer por quem a gente gosta.

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