F1: Despedida de Vettel emociona mais que disputa pelo vice

A batalha pelo vice-campeonato do Mundial de Pilotos de Fórmula 1 ficou em segundo plano neste domingo. O que vimos no circuito de Yas Marina foi uma mistura de emoções. De um lado, a emoção pela despedida de Sebastian Vettel do circo. De outro, a expectativa de como será a próxima temporada sem um dos seus grandes nomes no grid.

Isso porque o alemão fez uma corrida de tirar o fôlego. Parece que, nesta última prova, incorporou o jovem Vettel que foi tetracampeão pela Red Bull Racing entre 2010 e 2013: disputou posições; questionou as estratégias durante a prova; terminou nos pontos; e fez seu último “zerinho” em frente a um público fiel a um das figuras mais carismáticas do grid.

Enquanto a fumaça preenchia os pulmões de quem estava em Abu Dhabi neste 20 de novembro, as lembranças remetiam àquele 28 de julho de 2022.

Vettel e o anúncio de aposentadoria

“Estou aqui para anunciar minha aposentadoria da Fórmula 1 ao fim da temporada 2022. Eu amo esse esporte, mas, ao mesmo tempo em que há vida nas pistas, também há fora delas.

“Ser piloto nunca foi minha única identidade. O comprometimento com a minha paixão não tem mais espaço ao lado do meu desejo de ser um grande pai e marido.

“Meu objetivo mudou de ganhar corridas e brigar por títulos para ver meus filhos crescerem”, falou Vettel, em uma publicação no Instagram.

Foi assim, com surpresa, que todos os aficionados pelo esporte a motor receberam essa notícia. Não apenas pela dança das cadeiras que isso provocou. Mas, também, porque preparava a saída de um dos caras mais cativantes e engajados socialmente que a Fórmula 1 já viu.

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Espera angustiante

Foram quase seis meses de espera. Nas redes sociais, há pessoas que até agora não acreditam nessa aposentadoria. Na própria categoria também.

“Você provavelmente vai voltar. Estamos vendo outros pilotos fazendo isso. Estou sentado aqui, aceitando tudo isso. (…) A Fórmula 1 tem uma maneira de sugar você de volta, e percebemos isso de tantos outros pilotos”, disse Lewis Hamilton, durante a coletiva de imprensa em Abu Dhabi.

Lewis está certo. O primeiro piloto da história recente a fazer isso foi Kimi Raikkonen, em 2011. Também não podemos esquecer o retorno de Fernando Alonso em 2021. Ou seja: por que duvidar de um retorno de Vettel à categoria?

Vettel dá seu último “zerinho” na Fórmula 1. (Foto: Divulgação/F1)

Nem ele descarta.

Entretanto, nem só de despedida viveu o Grande Prêmio de Abu Dhabi.

Max soberbo

Saindo de um campeão mundial pela Red Bull Racing para outro, Max Verstappen sobrou em Yas Marina. Largou na pole position, se defendeu muito bem e controlou a distância para Sérgio Pérez, seu companheiro de equipe.

O ritmo do holandês até surpreendeu, pois todos esperavam uma clara ajuda ao mexicano. Afinal, “Checo” estava na disputa pelo vice-campeonato e o bicampeão prometera ajudá-lo. Ainda mais depois da novela mexicana que surgiu após o Grande Prêmio de São Paulo, quando se negou a ceder posição – apesar dos apelos da equipe.

Porém, quem assistiu à corrida sabe muito bem que Pérez não mereceu essa ajuda.

Mexicano versus Monegasco

Sejamos francos: a corrida do piloto número 2 da Red Bull Racing ficou muito aquém do esperado para um postulante ao vice-campeonato. Talvez a notícia de que a FIA possa investigar seu acidente em Mônaco tenha preocupado o mexicano, mas não justifica o desempenho pífio.

Mesmo conquistando o segundo lugar na largada, estava claro que não seria nada fácil. Primeiro, porque superou o adversário direto (Charles Leclerc) em apenas 0,04 segundo. Depois, porque deixou o companheiro escapar e nenhuma vez o ameaçou. Por fim, não encontrou um ritmo de prova decente ao longo das 58 voltas.

Por outro lado, a Ferrari fez uma estratégia interessante para o seu piloto. Enquanto a maioria foi para duas paradas, Leclerc permaneceu na pista o máximo que pôde. Mesmo inofensivo contra Verstappen, era muito consistente contra o Pérez.

E, apesar de se aproximar com vontade nas últimas voltas, o mexicano cometeu alguns erros que o mantiveram na terceira posição. Foi praticamente uma água no chope de Pérez – se bebidas alcoólicas em locais públicos fossem permitidas em Abu Dhabi.

Vettel, o melhor do dia

A escolha do público não poderia ser diferente. Cinquenta e seis por cento dos votos do público foram para ele. Há quem credite ao fato de ser sua última prova, mas vai além.

Nas últimas etapas, como no Japão e no Brasil, o alemão mostrou-se um piloto ainda combativo. Talvez – apenas talvez – precisando de um tempo para reorganizar as ideias.

Agora, só ano que vem

O circo da Fórmula 1 só volta para as pistas entre os dias 23 e 25 de fevereiro, para a pré-temporada. Será uma temporada exaustiva, com 24 provas – talvez 23, se confirmarem o cancelamento da etapa chinesa.

Até lá, as equipes terão muito trabalho a fazer, principalmente a Mercedes. Este será o único jeito se ela quiser fazer frente ao domínio dos rubro-taurinos neste ano.